A Medicina de Viagem baseia-se na avaliação médica de quem vai fazer uma viagem, considerando sua condição clínica, seu histórico de vacinas, as condições a que poderá se expor durante a viagem, juntamente com a análise minuciosa do seu roteiro. O objetivo é minimizar o risco de doenças durante ou após a viagem.
A consulta traz a você que vai viajar orientações importantes quanto às vacinas disponíveis e recomendadas de acordo com o destino escolhido, esclarecimentos sobre doenças infecciosas (como a malária e a diarreia, por exemplo), informações sobre como evitá-las, instruções sobre os medicamentos que você deve levar, além de conselhos simples para proteção. Assim, você vai poder viajar com tranquilidade, evitando transtornos durante seus passeios ou suas atividades profissionais e afastando o receio de contrair uma infecção potencialmente grave.
Importante: preferencialmente, marque sua avaliação de 6 a 8 semanas antes da viagem. Assim você e seu roteiro poderão ser minuciosamente avaliados pelo médico. E não se esqueça: algumas vacinas podem demorar algum tempo até começarem a fazer o efeito de proteção desejado, daí a importância de se agendar a consulta com antecedência!
Caso você fique doente ao voltar de uma viagem, marque sua consulta para avaliação médica. Nestes casos, é comum que o viajante tenha adquirido uma doença infecciosa. Quanto antes você for avaliado, mais preciso será seu diagnóstico e mais eficaz será o tratamento.
Acidentes ocupacionais com risco biológico são definidos como uma exposição a material biológico com potencial de transmissão do HIV e/ou dos vírus das hepatites B e C. Essa exposição acidental se dá pelo contato de risco com sangue e fluidos do organismo que podem transmitir infecção (como o sêmen e a secreção vaginal) envolvendo pele não íntegra, mucosas ou ferimentos com instrumentos perfurocortantes (como tesoura e agulha).
Esse tipo de acidente tem maior incidência em profissionais da área da saúde. Ao se acidentar, mantenha a calma e procure o mais rapidamente possível o atendimento em um serviço especializado nesse tipo de ocorrência. Procure sempre saber como são o fluxo e os procedimentos relacionados a acidentes com material biológico no local onde você trabalha. Caso haja indicação do uso de medicações para a prevenção da infecção pelo HIV, ele deve ser iniciado o mais cedo possível, não devendo ultrapassar 72 horas a partir do acidente.
O lema “prevenir é melhor que remediar” nunca pode exemplificar melhor o conceito de prevenção através do check up. O check up deve ser feito com regularidade para checar o estado físico e mental do paciente e detectar e tratar doenças de forma preventiva. É uma excelente maneira de se fazer a prevenção das doenças e evitar futuras complicações médicas. O check up deve ser realizado de forma individual após a análise detalhada dos hábitos de vida e a avaliação do histórico familiar. Por ser um especialista acostumado a tratar infecções de várias regiões do corpo, o infectologista tornou-se uma excelente referência profissional quando o assunto é a avaliação médica geral do paciente por meio do check up de rotina e do acompanhamento clínico geral. As orientações sobre bons hábitos de vida também são revistas e redescutidas durante a consulta.
A sepse é uma síndrome caracterizada por um conjunto de manifestações em todo o organismo e que tem como causa uma infecção. A sepse era conhecida antigamente como septicemia ou infecção no sangue. Hoje é mais conhecida popularmente como infecção generalizada. Essa definição não é totalmente correta porque a infecção não está, necessariamente, presente em todos os órgãos. Em geral, o diagnóstico de infecção se resume a apenas um órgão ou sistema, como, por exemplo, uma infecção no pulmão ou no rim. No entanto, é o tipo de infecção suficientemente forte para causar um processo inflamatório em todo o restante do organismo.
Isso é o que chamamos de Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS). Tal síndrome pode, no entanto, ter causas não infecciosas. Este é o caso da pancreatite aguda grave (inflamação do pâncreas), de reações no pós-operatórios de grandes cirurgias, da circulação extracorpórea e algumas intoxicações. Quando a SRIS tem causa infecciosa, chamamos isso de Sepse.
A associação de sepse com uma disfunção orgânica, ou seja, quando um órgão tem sua função comprometida, caracteriza a chamada sepse grave. Quando há a presença ou persistência da pressão baixa induzida pela sepse, mesmo após um tratamento inicial adequado, o quadro pode ser chamado de choque séptico. Finalmente, quando uma pessoa não consegue manter suas funções vitais sem suporte de UTI, chama-se disfunção de múltiplos órgãos (SDMO).
Atualmente existe uma campanha mundial de combate à sepse grave e ao choque séptico (Surviving Sepsis Campaign) na tentativa de diagnosticar e tratar de forma correta e precoce essas complicações e, assim, tentar diminuir ao máximo as sequelas e mortes relacionadas a elas.
A dengue é uma doença febril aguda que pode ter curso benigno ou grave, dependendo da forma como se apresenta. Para uniformizar o diagnóstico e a conduta médica, o Ministério da Saúde adota desde 2009 a classificação recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS): dengue sem ou com sinais de alarme e dengue grave.
Anualmente, a doença tem afetado mais de 50 milhões de pessoas em todo mundo, constituindo um sério problema de saúde pública. Ocorre, principalmente, nos países tropicais, caso do Brasil, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do mosquito transmissor: o Aedes aegypti. Em 2015 tivemos um grande número de casos da doença em todo o país, concentrados sobretudo na região Sudeste: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
No caso da dengue sem sinais de alerta, o paciente apresenta febre de início agudo, acompanhada de dor de cabeça (principalmente atrás dos olhos), falta de energia, perda do apetite, alteração do gosto dos alimentos, enjoo, vômitos, dores no corpo e nas articulações. Em alguns casos também pode aparecer vermelhidão na pele, alguns dias depois do início da febre.
Na dengue com sinais de alarme, além dos sintomas habituais (descritos acima), o paciente pode apresentar fortes dores na barriga, vômito intenso, dificuldade para respirar e sangramentos. Nesses casos, é indicada a internação do paciente, pois há maior probabilidade de evolução para a forma grave da doença, que inclui manifestações como a febre hemorrágica e a síndrome do choque da dengue.
O diagnóstico precoce e o acompanhamento médico se fazem necessários, assim como as orientações de hidratação, para tentar evitar as complicações e até mesmo a morte. Fique atento: caso você desconfie de que esteja com dengue, não deixe de procurar atendimento médico e reforce o consumo de líquidos até receber a orientação correta sobre o tratamento direcionado para seu caso. Evite tomar medicações formuladas com ácido acetil-salicílico (AAS) para baixar a febre ou combater a dor. E atenção: caso você tenha os sinais de alarme, procure o atendimento médico com urgência: dores na barriga, vômitos, dificuldade para respirar, sangramentos, sonolência e redução no volume da urina.
Diarreia aguda é uma alteração do hábito intestinal com fezes aquosas ou de pouca consistência, geralmente com aumento da frequência (três ou mais evacuações ao dia) e aumento da quantidade do volume fecal. A duração da diarreia aguda costuma ser de, no máximo, duas semanas. Na maioria dos casos, existe uma causa infecciosa: bactérias, vírus ou parasitas. Muitos casos são acompanhados de dor na barriga, enjoos e vômitos. No geral, a diarreia aguda é autolimitada (ocorre por um período limitado), com duração de 2 a 14 dias. As formas variam, desde as leves até as graves, quando ocorre uma desidratação intensa. O tratamento consiste em medicações para o controle dos sintomas (contra a dor e o vômito) e também para a hidratação pela boca ou via endovenosa (nos casos de desidratação mais intensa).
Quem tem diarreia aguda deve passar por avaliação médica para que possa ser medicado adequadamente (com antibiótico ou antiparasitário), além de repousar e evitar alimentos que possam piorar o quadro. Não existe nenhum remédio “milagroso” para acabar com a diarreia e os medicamentos que prendem o intestino devem ser usados com muita cautela e apenas quando prescritos por um médico.
Dicas de alimentação
Quando estiver com diarreia aguda, evite:
– Leite e derivados (requeijão, queijo, manteiga, iogurte), cereais em flocos, aveia, farinha de soja, café ou produtos com muita cafeína, bebidas gaseificadas (refrigerantes e água com gás), bebidas fermentadas (vinho e cervejas), castanhas e amendoins, saladas com folhas (agrião, alface, couve), frituras, carnes gordurosas, bolachas recheadas, comidas oleosas, frutas que soltam o intestino (abacate, melancia, melão, mamão, ameixa, abacaxi, uva, figo, laranja), doces muito concentrados (chocolates, doce de leite, bolos, goiabada, marmelada) e sopas de pacote.
Obs.: para crianças pequenas em aleitamento materno (em amamentação exclusiva), que apresentem quadro de diarreia, NÃO é recomendado parar a alimentação com leite materno (a não ser que haja recomendação do pediatra).
Se você tiver uma diarreia aguda, dê preferência aos seguintes alimentos:
– Sopas de legumes (abóbora, mandioquinha, inhame, batata, cenoura, abobrinha, chuchu), gelatina, sagu, purê de frutas (maçã, pêra, banana-maçã, goiaba), carnes magras assadas, grelhadas ou cozidas (carne sem gordura, frango, peixe sem pele), chás (erva-doce, camomila, hortelã), sucos (de limão, maçã sem casca, caju ou de goiaba) sempre coados, água de coco; isotônicos (como o Gatorade®), chá de casca de goiaba, água filtrada ou fervida, arroz branco, macarrão, semolina, fubá, maisena, cuscuz de tapioca, torradas, biscoitos de maisena, bolachas água e sal, torradas e pão francês.
Se você apresentar sintomas muito fortes, com aumento no número de evacuações, é interessante que parte da reposição de líquidos tomados via oral seja substituída por soluções com equilíbrio de eletrólitos. Isso significa que você pode preparar o popularmente chamado “soro caseiro”.
Outra possibilidade é adquirir produtos industrializados, com a mesma finalidade, encontrados nas farmácias ou nas unidades básicas de saúde, sempre na forma de pó solúvel ou forma líquida pronta para beber. O ideal é tomar o soro aos poucos durante todo o dia até que haja a melhora dos sintomas.
Para preparação da solução, jamais utilize água da torneira. É preciso diluir o produto em água fervida ou filtrada. Avalie a quantidade de água para diluição e a quantidade máxima para ingestão na bula de cada produto ou conforme a orientação médica.
Caso os sintomas de diarreia estejam muito intensos e você apresente fraqueza, mal-estar, boca seca ou febre alta, é recomendável procurar ajuda médica o quanto antes.
O termo “febre de origem indeterminada” se refere a um quadro de febre constante que permanece por um determinado período de tempo, sem que seja diagnosticada a sua causa, mesmo após algumas avaliações médicas. É um problema clínico muito comum e o médico infectologista é um dos especialistas mais recomendados para realizar a investigação desse tipo de quadro.
A gripe é uma infecção viral aguda (que se inicia subitamente) no sistema respiratório causada pelo vírus influenza. Por esta razão, ela também pode ser chamada simplesmente como “influenza”. Embora existam três tipos de vírus (influenza A, B e C), somente os tipos A e B são relevantes para as infecções nos humanos. Esses vírus se distribuem pelo mundo e apresentam elevada taxa de transmissão, podendo, portanto, causar grandes epidemias, como a da Gripe Espanhola (que ocorreu entre 1918 e 1920) e, mais recentemente, a pandemia de influenza A H1N1 (entre 2009 e 2010).
É importante ressaltar que, atualmente, há medicações específicas para o tratamento contra o vírus influenza. Todas as pessoas que tiverem febre e tosse de início repentino, com ou sem dor de garganta, devem passar por uma consulta médica. É muito importante fazer uma avaliação do seu estado clínico e da necessidade do uso de medicações específicas para a gripe. O uso precoce do antiviral (de preferência até 72h após o início dos sintomas) mostrou-se extremamente benéfico na redução das complicações da doença. Esse medicamento é distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde em determinados locais cadastrados, mas somente mediante a prescrição médica (receita).
O resfriado também é uma infecção viral, que pode ser causado por diversos vírus, porém os sintomas da doença costumam ser menos acentuados que os da gripe. Geralmente, a pessoa apresenta indisposição, nariz escorrendo, espirros e febre baixa. A recuperação costuma ocorrer entre 3 a 4 dias e as complicações são mais raras.
Somente a avaliação médica, no entanto, será capaz de diferenciar, com precisão, os resfriados dos casos de gripe. Somente no consultório médico, você poderá ter um diagnóstico correto que identifique possíveis complicações. O infectologista poderá indicar, de forma antecipada, e mais eficaz o tratamento com medicação antiviral ou até a internação.
Doença transmitida pelo vírus da hepatite B, com facilidade de transmissão por via parenteral (por meio de agulhas) e, principalmente, sexual. Hoje a hepatite B atinge mais de 350 milhões de pessoa em todo mundo. No Brasil, são mais de 10 mil novos casos diagnosticados todos os anos. A doença pode ser uma infecção aguda (curto prazo) ou tornar-se crônica (longo prazo). Estima-se, entretanto, que entre as pessoas infectadas na fase adulta, de 5% a 10% tornam-se portadoras crônicas da doença. Dentre estes casos, de 20% a 25% dos pacientes evoluem para doença hepática avançada. Recomenda-se a vacinação contra a hepatite B para todas as pessoas com idade de até 49 anos. Essa vacina já se encontra no calendário de vacinação. Atualmente, a prevenção é iniciada já no primeiro ano de vida.
As hepatites virais são uma das maiores causas de transplantes hepáticos (de fígado) no mundo _com destaque para a hepatite C (HCV). Estima-se que essa doença afete atualmente mais de 185 milhões de pessoas em todo mundo, sendo que o número de portadores crônicos da doença no Brasil, gira entre 1,4 e 1,7 milhões de pessoas.
A história natural da hepatite C é marcada pela evolução silenciosa: muitas vezes, a doença é diagnosticada décadas depois da infecção! Essas características também afetam negativamente o diagnóstico da doença, contribuindo para que haja um largo número de portadores sem sintomas em todo o mundo.
A hepatite C apresenta elevado impacto na saúde pública global. A agressão do fígado causada pelo vírus C leva à fibrose hepática, à cirrose e ao câncer hepático. Estima-se que a hepatite C seja responsável por aproximadamente 350 mil mortes por ano em todo mundo (ou o equivalente a uma média de 39 óbitos por hora)!
Na maioria dos portadores de hepatite C, as primeiras duas décadas após a transmissão caracterizam-se por uma evolução lenta e sem sintomas.
Nos casos mais graves, ocorre a progressão para cirrose e a descompensação hepática, caracterizada por alterações sistêmicas (que podem afetar todo o organismo) e hipertensão portal (que afeta a veia porta e suas filiais). Os quadros podem ainda evoluir para a ascite (barriga d’água), varizes esofágicas e encefalopatia hepática (alteração do comportamento).
As evidências que demonstram a associação da infecção crônica pela hepatite C com o desenvolvimento de cirrose e do carcinoma hepatocelular reforçam a necessidade de se identificar a doença precocemente e de tratar os pacientes com risco de complicações relacionadas ao vírus, a fim de diminuir a morbidade da doença.
Tratamento
Até meados de 2013, o tratamento para Hepatite C era considerado pouco efetivo e com muitos efeitos colaterais, devido ao uso das medicações então disponíveis. As taxas de cura dificilmente passavam de 50% e 60%, com tratamentos que podiam durar mais de um ano e que, muitas vezes, afastavam as pessoas do trabalho e da convivência social.
Porém em 2013, foram introduzidas novas medicações que conseguem agir diretamente contra o vírus, em outras palavras, antivirias de ação direta. Isso revolucionou o tratamento da Hepatite C crônica, com a taxa de cura chegando a 100%, com efeitos colaterais mais fracos. Muitos autores chegaram a celebrar o que pode ser considerado como a cura da hepatite C, uma das maiores descobertas atuais da medicina. Caso você tenha a hepatite C, procure um serviço médico de confiança para seja feita uma avaliação detalhada do seu caso e para que haja a indicação do tratamento, se for necessária. Recomende o mesmo a seus parentes e amigos que tenham a doença. O Brasil já dispõe de algumas dessas boas medicações que praticamente curam as pessoas da infecção!
Importante: é recomendável o teste para hepatite C em todas as pessoas que nasceram antes de 1975 ou que receberam sangue, seus derivados ou transplantes de órgãos antes de 1993. O teste também é recomendado aos usuários de drogas que compartilham seringas e agulhas, às pessoas que já fizeram tatuagem ou que tenham colocado piercing e aquelas que apresentam múltiplos parceiros sexuais sem uso da camisinha.
As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes vírus que têm em comum a predileção por infectar o fígado. Contudo, cada uma delas apresenta características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas.
As hepatites são infecções cuja transmissão acontece no mundo todo com grande impacto para a saúde pública dos países em virtude do número de indivíduos infectados e das complicações resultantes tanto das formas agudas (curto prazo), quanto das crônicas (longo prazo). Do ponto de vista clínico e epidemiológico, os agentes causadores de maior destaque são os vírus A, B, C, D e E.
As hepatites virais agudas costumam ser autolimitadas, ou seja, com duração curta e podem ser curadas integralmente quando não apresentam complicações. Mesmo assim, no caso dos adultos, a doença pode se desenvolver de forma mais grave e a recuperação pode levar até meses.
Diferentemente do tipo A, as hepatites B, C e D têm a possibilidade de causarem doença crônica que, se não for acompanhada e tratada, pode levar à cirrose (falência hepática) e ao hepatocarcinoma (câncer hepático). São doenças silenciosas que, quando manifestam sintomas, podem estar em grau muito avançado, por isso a necessidade de diagnosticar precocemente e realizar um acompanhamento com um especialista no assunto.
A aids representa um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade, em função do seu caráter pandêmico e de sua gravidade. Estima-se que no Brasil existam 750 mil pessoas vivendo com HIV/aids, porém parte desse grupo sequer sabe que está infectado, o que torna a situação preocupante!
Os pacientes infectados pelo HIV evoluem para uma grave disfunção do sistema imunológico, à medida que vão sendo destruídos os linfócitos T (LT) CD4+, que podem ser considerados como uma das principais células-alvo do vírus. A contagem de LT CD4+ é um importante marcador dessa deficiência imunológica, sendo utilizada tanto para avaliar a resposta ao tratamento, quanto para estimar o prognóstico, uma espécie de perspectiva sobre o futuro da doença no paciente.
A história natural dessa infecção vem sendo alterada consideravelmente em virtude das medicações específicas existentes. Com o advento de um tratamento eficaz, as manifestações clínicas decorrentes da baixa imunidade, conhecidas popularmente como “doenças oportunistas”, perderam força, tornando possível uma ótima qualidade de vida ao paciente e resultando em aumento de sua sobrevida.
Nesse sentido, a doença vem adquirindo um caráter crônico, que requer atenção e tratamento de outras complicações associadas à infecção e ao uso dos medicamentos em longo prazo. Por se tratar de uma abordagem evidentemente complexa, recomenda-se que o tratamento e o acompanhamento seja conduzido por um médico experiente no manejo de pacientes infectados pelo HIV.
O principal objetivo do tratamento com os medicamentos antirretrovirais é retardar a progressão da doença e restaurar, tanto quanto possível, a imunidade, aumentando a expectativa e a qualidade de vida da pessoa vivendo com HIV/aids. Dessa forma, não há dúvidas de que quanto mais cedo for feito o diagnóstico e instituído o tratamento, melhor será a qualidade de vida da pessoa. Por isso, se você estiver com dúvida sobre uma possível exposição ao vírus, procure um médico de sua confiança ou um serviço de saúde especializado no assunto para te ajudar e não deixe de fazer o teste de HIV. Não tenha medo ou vergonha! Diagnosticar e tratar precocemente a infecção é a decisão certa que pode prolongar a sua vida e afastar as complicações.
Desde 2013, o Ministério da Saúde do Brasil recomenda o tratamento de todas as pessoas vivendo com HIV/aids, independentemente do tempo decorrido desde a infecção e do grau de disfunção da imunidade, visto que diversos estudos recentes têm demonstrado benefícios dessa estratégia, tanto para o próprio indivíduo, quanto para prevenir a transmissão do vírus a outras pessoas.
Uma dúvida frequente é se é possível que uma pessoa vivendo com HIV/aids realize seu tratamento em um consultório particular. A resposta é sim! Não há nenhum problema nisso. As medicações são distribuídas gratuitamente também às pessoas que optam pelo acompanhamento em um consultório privado, utilizando a receita fornecida por seu médico, sem nenhuma diferença em relação às pessoas que utilizam o serviço público de saúde.
Caso você tenha descoberto que é soropositivo, marque uma consulta para receber orientações. A consulta é realizada com hora marcada, em ambiente tranquilo e reservado, onde você poderá tirar todas as suas dúvidas sobre o tema e ser orientado quanto ao tratamento.
Do mesmo modo, se você tem ou teve comportamentos que possam ter levado à exposição ao vírus, o primeiro passo é descobrir se você se infectou para que as medidas necessárias sejam tomadas antes que ocorram os sintomas da doença. Lembre-se: quanto antes você for diagnosticado e iniciar o tratamento, melhor!
PEP significa “Profilaxia Pós-Exposição”. É uma forma de prevenção da infecção pelo HIV para pessoas que possam ter entrado em contato com o vírus recentemente, por meio do sexo desprotegido. A PEP utiliza os mesmos medicamentos empregados no tratamento da aids, os antirretrovirais.
O uso dos medicamentos é temporário, mas deve ser iniciado o mais precocemente possível, com o prazo máximo de 72 horas após uma situação de risco (seja acidente de trabalho, seja por relação sexual desprotegida, por exemplo). Você terá que tomar as medicações por 28 dias contínuos, sempre com supervisão médica! Após a avaliação do infectologista, que verifica a probabilidade real de exposição ao vírus e determina se há indicação de PEP, o indivíduo pode adquirir a medicação gratuitamente nos postos de liberação cadastrados pelo Ministério da Saúde em todo o Brasil.
Importante frisar que a medicação só é fornecida pelo SUS mediante a prescrição médica. Essa forma de prevenção já é usada com sucesso nos casos de violência sexual e de profissionais de saúde que se acidentam com agulhas e outros objetos cortantes contaminados com o HIV. É necessário o acompanhamento médico durante todo o tratamento e após o seu término também para garantir a eficácia deste mecanismo de prevenção.
Se você teve uma relação sexual com possibilidade de exposição ao HIV, mesmo que não esteja certo disso, procure ser avaliado por um infectologista com urgência. Fique atento para não deixar que o tempo máximo recomendado para o início do tratamento (72 horas) seja extrapolado!
Ainda que não seja indicado o uso de medicamentos, o seguimento com o especialista é fundamental para se certificar de que nenhum tipo de transmissão tenha ocorrido. Marque sua consulta para maiores orientações, seja para a primeira avaliação, seja para o acompanhamento. Nestes casos, a consulta é realizada com hora marcada, em ambiente tranquilo e discreto, onde você poderá tirar todas as suas dúvidas sobre o tema e receber as orientações de que necessitará. Normalmente, o acompanhamento médico dura três meses. Em alguns casos, no entanto, para que todas as Infecções Sexualmente Transmissíveis sejam de fato descartadas, o acompanhamento pode levar até seis meses. Um investimento de tempo que, sem dúvida, vale a pena!
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), é mais uma estratégia de prevenção ao HIV. A PrEP prevê que pessoas não infectadas pelo HIV possam utilizar medicamento antirretroviral (ARV) para reduzir o risco de aquisição do vírus por meio de relações sexuais. Nos Estados Unidos, esta estratégia está autorizada desde 2012. No Brasil, o uso da PrEP não está autorizado, mas a estratégia de prevenção vem ganhando força devido aos inúmeros trabalhos mostrando a sua eficácia. É fundamental entender que a PrEP deve ser adotada sempre junto com práticas sexuais seguras, orientação médica e controle rotineiro por meio de exames laboratoriais. Vale a pena marcar uma consulta médica para saber mais sobre esta nova tecnologia que vem sendo incorporada à prevenção ao HIV.
O herpes simplex (HSV) é um vírus muito comum em humanos. São conhecidos dois tipos desse vírus: o HSV-1 e o HSV-2. Hoje o vírus atinge populações de vários países, sendo uma das infecções mais comuns do mundo.
Estudos epidemiológicos de soroprevalência mostram que até 90% dos adultos tem anticorpos contra o HSV-1 e que de 20% a 30% da população adulta possui anticorpos contra o HSV-2. No Brasil, estima-se que mais de 600 mil novos casos de herpes genital sejam diagnosticados todos os anos ou 68 casos por hora! O quadro clínico é variável, porém o mais comum é o aparecimento de vesículas (pequenas bolhas na pele) que evoluem para úlceras (feridas) na região dos lábios ou nos genitais.
Um dos maiores problemas do herpes é que ele pode ser recorrente, isto é, voltar com frequência, o que costuma incomodar muito os pacientes. Mas hoje já existe a possibilidade de se realizar o tratamento preventivo para tentar se evitar essas manifestações recorrentes. Se este for o seu caso, procure um especialista e pergunte sobre as formas de controle da doença!
De maneira popular, essa doença também é conhecida como “cobreiro”. A pessoa pode começar a sentir coceira ou dor na pele e observar, na sequência, o aparecimento de várias pequenas bolhas de água, que depois se tornam crostas. Na maioria das vezes, isso acontece na região das costas, mas algumas pessoas podem ter formas mais extensas e apresentar as crostas até mesmo na região do rosto.
Trata-se de uma doença de reativação do vírus da varicela (catapora), que permanece em latência (dormente) depois da infecção inicial. É uma doença viral autolimitada, de curta duração (com ciclo evolutivo de aproximadamente 15 dias), que atinge homens e mulheres, sendo mais frequente na idade adulta, nos idosos e em pacientes imunodeprimidos (com baixa resistência). O tratamento precoce da doença evita a principal complicação que é a neuralgia pós-herpética: um quadro de dor que ocorre simultânea ou posteriormente ao aparecimento de lesões.
Em alguns casos, quando a doença se apresenta de maneira mais persistente, é necessária a internação para o tratamento com medicações aplicadas diretamente nas veias (por via endovenosa).
O termo “infecção hospitalar” mais recentemente foi trocado para “infecção relacionada à assistência à saúde”. Ele se refere a todas as infecções que o paciente adquire durante a internação, que venha a ter após a alta (nos casos de cirurgia, colocação de prótese) ou ainda que tenha adquirido em clínicas para tratamento de doenças crônicas, como as de hemodiálise. Existe essa diferenciação porque as bactérias envolvidas neste tipo de infecção podem ter maior resistência aos antibióticos e necessitarem assim de medicações especiais para que possam ser combatidas. O infectologista é o especialista mais indicado para lidar com este tipo de caso.
As infecções que envolvem a pele e/ou tecido subcutâneo (parte mais profunda da pele) são, em geral, causadas por duas bactérias: Streptococcus pyogenes ou Staphylococcus aureus.
As infecções de pele são divididas classicamente nos termos: erisipela (quando a infecção é mais superficial) e celulite (quando a infecção é mais profunda). Porém, muitas vezes, na prática, é difícil essa diferenciação. Dependendo da extensão da doença, o tratamento pode ser feito em casa com antibióticos administrados por boca (via oral) ou necessitar internação em hospital, para administração de antibióticos na veia (via endovenosa).
Para auxiliar no tratamento, independente do local em que o paciente esteja, recomenda-se que faça repouso das atividades habituais e mantenha elevada a região do corpo afetada. Por exemplo, se a perna for o local afetado, permaneça o máximo que puder com este membro elevado com auxílio de travesseiros ou cobertas, o que ajuda na diminuição do inchaço. Após o primeiro caso de infecção de pele, novos episódios podem ocorrer. Por isso, é necessário o acompanhamento médico para orientação e tratamento dos fatores que podem propiciar novas infecções, como as micoses nas unhas.
Atualmente tem-se discutido muito sobre as infecções causadas por fungos, uma vez que há um crescente aumento dos casos de doenças transmitidas por esses agentes. Além das doenças tradicionais causadas pelos fungos (paracoccidioidomicose, histoplasmose, etc), surgem na atualidade doenças fúngicas oportunistas (infecção por Candida, Criptococcus, Aspergillus, Fusarium, etc).
O motivo desse aumento de doenças fúngicas oportunistas se deve a algumas situações novas na prática médica. Como exemplos podemos citar o manejo cada vez mais comum de pacientes com a baixa resistência agravada por terem HIV e não fazerem tratamento, por terem sido submetidos a transplantes de medula óssea ou por estarem internados em estado muito grave em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O médico infectologista é o especialista mais acostumado e preparado para diagnosticar e tratar essas infecções graves.
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), antigamente conhecidas como “doenças venéreas” ou “Doenças Sexualmente Transmissíveis”, englobam um conjunto de infecções que são transmitidas essencialmente pelo contato sexual (mas que também podem infectar de outras formas). Dentre as principais infecções estão a sífilis, a gonorreia e o herpes genital. Contudo, existe uma série de outras doenças como o cancro mole, o linfogranuloma venéreo, a donovanose e o condiloma.
O uso de preservativos continua sendo a principal forma de prevenção dessas doenças. Geralmente, as ISTs se apresentam como uma úlcera ou verruga na região dos genitais ou ainda como uma secreção purulenta eliminada pela uretra (local de saída da urina). Caso o paciente suspeite de estar com uma IST, é indicado que ele procure imediatamente o auxílio de um médico, deixando a vergonha de lado. Lembre-se: o tratamento precoce evita complicações e a transmissão para outras pessoas! Em muitos casos é necessário tratar o parceiro também, mesmo que ele não tenha sintomas. Na consulta, o médico também realiza as orientações para uma vida sexual segura e faz a triagem para outras ISTs como as hepatites B e C, a sífilis e o HIV.
Trata-se de um processo infeccioso que acontece nas vias urinárias, geralmente causado por bactérias, sendo a mais comum a Escherichia coli. A infecção urinária é uma das doenças infecciosas mais comuns na prática clínica, atingindo mais mulheres do que homens.
Pode ser classificada em alta ou baixa, dependo das estruturas afetadas pela infecção. Quando alta, ela afeta os rins e ureteres (tubos que ligam a bexiga aos rins). Quando baixa, ela chega à bexiga e à uretra (canal que liga a bexiga à parte exterior do corpo: pênis ou vulva). No caso dos homens, a infecção urinária também pode prejudicar a próstata e o epidídimo (duto que armazena espermatozoides produzidos pelo testículo).
As infecções altas são mais graves do que as baixas e podem até ter indicação para internação afim de possibilitar o tratamento com medicações endovenosas, ou seja, com a aplicação diretamente nas veias com uso de agulhas ou cateteres. A avaliação precoce do médico especialista é essencial para o tratamento adequado, prevenindo as complicações, sobretudo nas pessoas que apresentem repetidas infecções urinárias, para as quais a escolha do antibiótico adequado pode ser complexa devido à presença de bactérias resistentes.
Pode ainda haver a indicação do uso contínuo de antibióticos para a prevenção de novas infecções em casos selecionados, definidos pelo especialista.
Existem dois tipos de Leishmaniose:
– A leishmaniose tegumentar americana é uma doença infecciosa que não é transmitida por contato direto de pessoa a pessoa. Ela provoca úlceras (feridas) na pele e nas mucosas (nariz, garganta e boca). A doença é causada pelo protozoário do gênero leishmania e transmitida ao homem por meio da picada das fêmeas infectadas de mosquitos (flebotomíneos). Há, no Brasil, sete espécies de leishmanias envolvidas na ocorrência de casos de leishmaniose tegumentar americana, sendo as mais importantes: Leishmania (Leishmania) amazonensis, L. (Viannia) guyanensis e L.(V.) braziliensis. As feridas da pele podem ser únicas, múltiplas, disseminadas ou difusas. Apresentam aspecto de úlceras, com bordas elevadas e fundo granuloso, geralmente indolor. As lesões que atingem o nariz podem causar entupimentos, sangramentos, coriza (nariz “escorrendo”) e até o aparecimento de crostas e feridas. Na garganta, as feridas causadas pela doença podem trazer dor ao engolir, rouquidão e tosse.
– A leishmaniose visceral (calazar) é uma doença infecciosa sistêmica (que pode afetar todo o organismo), caracterizada por febre de longa duração, aumento no tamanho do fígado e do baço (hepatoesplenomegalia), perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações. A transmissão acontece quando fêmeas do mosquito flebotomíneos picam cães ou outros animais infectados e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi.
Ambas as formas da doença têm tratamento específico com possibilidade de cura.
A leptospirose é uma doença infecciosa aguda (curso acelerado e duração curta), causada por bactérias patogênicas do gênero Leptospira. É uma zoonose, ou seja, uma doença transmitida pelos animais ao ser humano. No caso da leptospirose, a transmissão acontece, principalmente, por meio do contato com água ou solo contaminado com urina de ratos infectados. É uma doença que pode determinar manifestações clínicas variadas, desde infecções sem sintomas graves até formas graves, como a síndrome de Weil, na qual o paciente desenvolve icterícia (pele e olhos amarelados), insuficiência renal (diminuição das funções dos rins) e fenômenos hemorrágicos (como a hemorragia pulmonar). É mais comum em época de chuva, especialmente quando há enchentes. Existe tratamento clínico para todas as formas, por isso é fundamental o diagnóstico e tratamento adequado o quanto antes.
A malária é uma doença infecciosa febril aguda (curso acelerado e duração curta), cujo agente causador é um parasita do gênero Plasmodium. É conhecida popularmente como impaludismo, paludismo, febre palustre, febre intermitente, febre terçã benigna, febre terçã maligna, maleita, sezão, tremedeira, batedeira ou febre.
A transmissão natural da malária ocorre por meio da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles, previamente infectada com o Plasmodium, por já ter picado previamente uma pessoa doente. Se não for tratada, pode evoluir rapidamente para uma forma grave e complicada, principalmente nos casos da malária por Plasmodium falciparum. Diferentes espécies do parasita podem estar envolvidas como causa da doença, dependendo do local de aquisição da infecção. A avaliação clínica do paciente e o histórico do local de transmissão é importante para a escolha dos medicamentos.
As pessoas infectadas podem apresentar sinais e sintomas genéricos como dor de cabeça, dor no corpo, fraqueza, febre alta e calafrios. Em geral, esses quadros são acompanhados por dor abdominal, dor nas costas, tontura, náuseas e vômitos.
As gestantes, as crianças e as pessoas infectadas pela primeira vez estão sujeitas à maior gravidade da doença, principalmente nas infecções causadas pelo Plasmodium falciparum, quando não tratadas adequadamente e em tempo hábil. Nesses casos, a doença pode ser até letal.
Deve-se suspeitar de malária para todas as pessoas que morem ou tenham estado em áreas endêmicas para a doença nos últimos 30 dias e que apresentem febre ou algum dos outros sintomas listados acima. No Brasil, a área com maior risco de transmissão de malária concentra-se na região amazônica, no Norte do país. Os viajantes devem redobrar os cuidados para evitar a infecção e, sempre que houver suspeita da doença, é essencial procurar auxílio médico rapidamente, durante ou após retornar da viagem. Os medicamentos para o tratamento são distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Saúde nos serviços especializados.
As meningites consistem em um processo inflamatório das meninges, que são as membranas que envolvem e protegem o cérebro. Podem ser causadas por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus e fungos, além de agentes não infecciosos.
As meningites de origem infecciosa, principalmente as causadas por bactérias e vírus, são as mais comuns. Os casos de meningite com origem bacteriana apresentam o maior risco de complicações e de mortalidade. O reconhecimento precoce e o tratamento adequado nas primeiras horas da doença são extremamente importantes para que haja uma boa resposta clínica do paciente. Atualmente também contamos com vacinas muito eficazes para a proteção contra as meningites bacterianas.
A síndrome da mononucleose infecciosa (MI), doença causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), na sua forma com sintomas se apresenta, geralmente, com a tríade clássica de faringite (dor de garganta), febre e adenomegalia (aumento dos gânglios). No entanto, outras doenças podem ter um quadro clínico semelhante, caracterizando-se como síndromes “mononucleose-like”. Entre estas, estão a citomegalovirose, causada pelo citomegalovírus (CMV), a toxoplasmose, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, a rubéola, a sífilis secundária e a infecção aguda pelo HIV.
Embora a maioria dos pacientes tenha formas sem sintomas ou com poucos sintomas, é importante o acompanhamento dos casos com manifestações mais intensas. É o acompanhamento médico que garantirá o controle da dor e do mal-estar que essas infecções possam causar, além de se antecipar de forma preventiva às complicações dessas doenças.
Osteomielite é um termo relacionado à infecção no osso, geralmente causado por bactéria. É um tipo de infecção que pode acontecer em duas versões: a aguda (curto prazo) e a crônica (longo prazo). Em muitos casos, o tratamento é prolongado e complexo, envolvendo uma equipe de multiprofissional (infectologistas, ortopedistas e especialistas em reabilitação), que irão trabalhar em conjunto pela recuperação do paciente.
São definidas pela presença de parasitas na luz intestinal. Podem ser causadas por diversos organismos, tais quais, protozoários, nematódeos, helmintos, cestódios e outros. Em geral, apresentam curso benigno, mas podem evoluir com complicações, principalmente em formas crônicas e em pacientes imunodeprimidos. Além dos intestinos, os parasitas em seus ciclos evolutivos podem acometer pulmão, fígado e sistema nervoso central. Abaixo seguem os principais parasitas intestinais e a maneira de contaminação:
Parasitose | Etiologia | Contaminação |
Amebíase | Entamoeba histolytica | Ingestão de água e alimentos contaminados |
Ancilostomíase | Ancylostoma duodenale, Necator americanus | Penetração na pele de larvas infectantes contidas em solo contaminado |
Ascaridíase | Ascaris lumbricoides | Ingestão de água e alimentos contaminados |
Cisticercose/ Teníase | Larva da Taenia solium/ Forma adulta da Taenia solium e Taenia saginata | Ingestão de água e alimentos contaminados com os ovos/ Ingestão de carne mal cozida de boi ou de porco contendo a larva |
Criptosporidíase | Cryptosporidium parvum | Ingestão de água e alimentos contaminados |
Estrongiloidíase | Strongyloides stercoralis | Penetração na pele de larvas infectantes contidas em solo contaminado |
Giardíase | Giárdia lamblia | Ingestão de água e alimentos contaminados |
Isosporíase | Isospora belli | Ingestão de água e alimentos contaminados |
Microsporidiose | Encephalithozoon intestinalis, Encephalithozoon bieneusi | Ingestão de água e alimentos contaminados |
A pneumonia é uma doença infecciosa aguda que atinge os pulmões e pode ser causada por vírus, bactérias, fungos e parasitas. A causa mais comum é a bacteriana. Trata-se de um das doenças mais frequentes no Brasil, sendo uma das principais causas de internação.
O paciente, geralmente, apresenta tosse acompanhada de secreção, falta de ar e dor na região do tórax. Outros sintomas, como febre e indisposição, também podem estar associados ao quadro. A pneumonia é uma doença potencialmente grave que pode ser tratada com medicamentos em casa, mas também pode exigir internação hospitalar. De um jeito ou de outro, a condição requer um acompanhamento médico individualizado.
A sífilis é uma doença infecciosa causada por uma bactéria altamente transmissível. Pode ter evolução crônica e afetar vários órgãos, inclusive o cérebro e o coração, caso não seja diagnosticada e tratada corretamente. A transmissão ocorre predominantemente por via sexual, mas também por contato íntimo de outra natureza com lesões ativas, principalmente aquelas que aparecem na região genital ou perianal. Existem as formas transmitidas da mãe para o bebê, através da placenta ou, mais raramente, por contaminação do recém-nascido no canal de parto.
Nos genitais ou nas regiões próximas ao ânus, surge uma lesão elevada que se torna uma úlcera (cancro duro), geralmente única, indolor, de fundo limpo e bordas elevadas e endurecidas. Essa lesão desaparece após 3 a 6 semanas habitualmente, sem deixar marcas.
Mas preste atenção: a cicatrização não significa necessariamente a cura da infecção, pelo contrário! É comum que nesta fase a doença se torne latente, ou seja, “adormecida”, podendo voltar à atividade a qualquer momento com diversos tipos de sintomas, em intervalos variáveis de tempo.
Essas manifestações podem ser classificadas em doença primária, secundária ou terciária, dependendo do estágio e dos sintomas que o paciente apresenta. O diagnóstico da infecção ativa ou pregressa é importante para realizar um tratamento adequado, evitar as reativações e as complicações tardias da doença.
É muito importante mencionar que a sífilis em atividade somada à exposição pelo sexo sem preservativo, assim como qualquer outra IST não tratada, aumenta a chance de se contrair outro vírus, o HIV! Isso por conta do processo inflamatório que ocorre na região genital, sua “grande porta de entrada”, facilitando a penetração e a instalação do vírus HIV.
A toxoplasmose é uma infecção parasitária causada por um protozoário. Sua infecção geralmente tem poucos sintomas e é auto-limitada (acontece por um período de duração curto). No entanto, pode causar desde um quadro mononucleose-like (dor de garganta, aumento dos gânglios e febre), até uma infecção grave nos olhos ou no cérebro. A toxoplasmose assume maior importância na gravidez e em pessoas com imunidade baixa (como no caso dos pacientes com aids ou transplantados).
Neste caso, o reservatório natural (animal que hóspeda o agente causador da doença) é o gato. O homem é infectado acidentalmente no ciclo do parasita e a prevalência de toxoplasmose varia conforme a região do mundo. Estima-se, no entanto, que um terço da população mundial já teve contato prévio com esse agente.
A toxoplasmose é adquirida por meio da ingestão de alimentos contaminados, principalmente carnes cruas ou mal cozidas contendo cistos de Toxoplasma ou através de fezes de gato contaminada com o protozoário. É comum que a infecção ocorra em crianças ao brincarem em caixas de areia, onde os gatos comumente defecam. A doença não é transmitida de pessoa para pessoa, exceto nos casos de doação de órgão.
Formas de prevenção:
• Lavar as mãos ao manipular alimentos;
• Lavar bem frutas, legumes e verduras antes de se alimentar;
• Não ingerir carnes cruas, mal cozidas ou mal passadas;
• Evitar contato com o solo e terra de jardim; se indispensável, usar luvas e lavar bem as mãos após os procedimentos de jardinagem;
• Evitar contato com fezes de gato no lixo ou no solo;
• Após manusear a carne crua, lavar bem as mãos, assim como também toda a superfície que entrou em contato com o alimento e todos os utensílios utilizados;
• Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados, seja de vaca ou de cabra;
• Alimentar os gatos com carne cozida ou ração, não deixando que estes se alimentem de caça;
• Lavar bem as mãos após contato com os animais.
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa crônica, que atinge preferencialmente o pulmão. A transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por meio da inalação de partículas que contêm o agente causador: o Mycobacterium tuberculosis. Ainda hoje existe um grande número de pessoas se infectando com a tuberculose no Brasil. O mais importante, porém, é que a doença tem tratamento clínico e cura. Assim como os pacientes com HIV, o paciente com tuberculose pode se tratar no consultório particular e retirar gratuitamente as medicações nas unidades básicas de saúde do SUS.
O principal sintoma da tuberculose pulmonar é a tosse prolongada, acompanhada de febre, suor noturno e/ou perda de peso. Dessa forma, para toda pessoa que está tossindo há mais de 2 ou 3 semanas, a hipótese de tuberculose deve ser sempre lembrada (isso não significa que seja tuberculose, mas o dado deve alertar para se pensar também nessa hipótese).
Existem outras formas mais graves de tuberculose, como meningite (quando atinge o sistema nervoso central) e pericárdica (quando atinge uma membrana que recobre o coração). O sucesso no tratamento depende de realizá-lo até o final, seguindo as prescrições médicas corretamente. Na maioria dos casos, o tempo de duração é de seis meses.
A vacinação é a principal maneira de prevenir doenças. Esse conceito se desenvolveu intensamente nas últimas décadas, embora tenha sido descrito pela 1ª vez já no século 18, pelo médico inglês Edward Jenner em seus estudos sobre a vacina contra a varíola.
No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) é bastante eficaz e determina um Calendário Oficial composto por diversas vacinas, disponibilizadas gratuitamente na rede pública de saúde (SUS). Existem também outras vacinas oferecidas apenas em serviços privados e que podem ser tomadas mediante recomendação médica.
Mesmo assim, é comum que as pessoas se esqueçam de atualizar sua carteira de vacinação ou simplesmente desconheçam a existência de vacinas especiais mais recentes que devam ser prescritas após uma avaliação médica, como a da pneumonia (indicada para diabéticos) ou ainda a da herpes zoster (para pessoas com mais de 50 anos).
A dica é: não perder tempo! Marque uma avaliação com o infectologista para atualizar sua carteira de vacinação com segurança e poder se prevenir de uma série de doenças.
O zika virus é um RNA vírus, do gênero Flavivírus, família Flaviviridae. É uma doença viral aguda (temporária), transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, caracterizada por exantema maculopapular pruriginoso (que são erupções vermelhas na pele), febre intermitente (febre interrompida por períodos de temperatura normal), hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido (vermelhidão nos olhos), artralgia (dores nas articulações), mialgia (dor muscular) e dor de cabeça. Apresenta evolução benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente entre três e sete dias após o surgimento.
O vírus Zika recebeu a mesma denominação do local de origem de sua identificação (Floresta Zika, em Uganda), que aconteceu no ano de 1947. Um dado curioso é que a doença foi identificada a partir da detecção em macacos sentinelas que eram utilizados para o monitoramento de uma outra doença: a febre amarela.
No Brasil, o Ministério da Saúde começou a receber notificações e a monitorar casos de pacientes com vermelhidão na pele (doença exantemática) sem causa definida na Região Nordeste no final do mês de fevereiro de 2015. Inicialmente houve relato de casos nos estados da Bahia, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e Paraíba. Todos os casos apresentando evolução benigna, com regressão espontânea, mesmo quando não havia qualquer intervenção clínica. Mais de 6.800 casos chegaram a ser identificados.
Em 29 de abril de 2015, pesquisadores da Universidade Federal da Bahia anunciam a identificação do vírus zika. Seguindo o fluxo de investigação laboratorial, no dia 14 de maio de 2015, as indicações apontando para o zika vírus foram validadas pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará, que possui o Laboratório de Referência Nacional para arbovírus (vírus transmitidos por mosquitos). Embora a primeira evidência de infecção humana pelo zika tenha ocorrido em 1952, a comunidade internacional somente passou a reconhecer o potencial epidêmico do vírus a partir de 2005 e, principalmente, após um surto de 2007 na Oceania.
É impossível conhecer o número real de infecções pelo vírus zika, pois é uma doença em que cerca de 80% dos infectados não irão manifestar sinais ou sintomas da doença e grande parte dos doentes não irá procurar serviços de saúde, dificultando ainda mais o conhecimento da magnitude dessa doença.
Além disso, até o momento não há teste sorológico (IgM e IgG) em qualidade e quantidade disponível no país, restringindo-se apenas à identificação do vírus por isolamento ou PCR (Reação de Cadeia de Polimerase) em quadros agudos da doença.
O que tem chamado a atenção em relação ao zika vírus são as suas complicações. A principal é a microcefalia, que é a pequenez anormal da cabeça de um bebê recém-nascido, associada à deficiência mental. A doença, que não tem cura, pode ser causada por sequelas devido à infecções da mãe durante a gestação, pelo uso de álcool e drogas e por problemas genéticos por exemplo. Mas desde o ano passado, os casos de microcefalia também passaram a ser relacionados ao vírus zika, após a investigação do aumento de casos da doença nas maternidades do Nordeste.
Assim, embora tenha sido identificada há mais de 50 anos, do ponto de vista médico, o zika vírus é uma doença ainda desconhecida, que está sendo descrita pela primeira vez na História, com base no surto de microcefalia que está ocorrendo no Brasil. Caracteriza-se pela ocorrência de microcefalia com ou sem outras alterações no Sistema Nervoso Central (SNC) em crianças cuja mãe tenha histórico de infecção pelo vírus zika durante o período da gestação.
Apesar de o período embrionário ser considerado o de maior risco para múltiplas complicações decorrentes de uma infecção, sabe-se que o sistema nervoso central permanece suscetível a complicações durante toda a gestação. Assim, o perfil de gravidade das complicações da infecção pelo vírus zika na gestação dependerá de um conjunto de fatores, tais como: estágio de desenvolvimento da criança, genética da mãe e do feto, além do mecanismo patogênico específico de cada agente etiológico (o agente que causa da doença).
Infecção que ocorre após o primeiro contato com o vírus varicella-zoster. É uma doença muito popular e altamente contagiosa. Ela costuma ocorrer com mais frequência no final do inverno e começo da primavera. Em crianças, geralmente é uma doença benigna e autolimitada, com período curto de duração. Já em adolescentes e adultos, pode ser mais grave e ter complicações.
Ao contrário do que muita gente pensa, quem adquire catapora deve, sim, passar por avaliação e acompanhamento médico, assim como fazer o uso de medicações adequadas que aliviem os sintomas. Embora seja uma doença temporária, alguns casos necessitam até mesmo de internação para receber o tratamento específico contra a catapora e suas complicações. Importante saber que hoje já há disponível a vacina contra o vírus da varicela.